
Uma análise atual do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), feita em 2025, traz uma análise sobre o sistema de impostos no Brasil. A constatação é um tanto chocante: muitos trabalhadores acabam pagando, proporcionalmente, mais impostos do que pessoas que já chegaram ao patamar de milionários. O sistema, que deveria garantir equilíbrio, às vezes parece dar um nó na cabeça de quem lê os números.
Continua apos o anúncioMas como essa conclusão foi formada? O estudo tomou como base os dados do Imposto de Renda de 2024, que usa o ano anterior (2023) para calcular os valores. Naquele período, o salário mínimo era de R$ 1.320. Conforme revelado, quem supera a faixa de R$ 6 mil já começa a sentir o peso de uma alíquota efetiva maior que a dos milionários e quem está nessa faixa ainda pertence à chamada classe média, longe dos grandes patrimônios.
Continua apos o anúncioSerá que faz sentido quem trabalha duro, mês após mês, carregar uma parcela maior dessa conta?
O sistema de cobrança é desenhado para incidir de forma direta sobre salários e outras rendas do cotidiano. Isso significa que a maioria das pessoas vê a cobrança de impostos crescer conforme o salário aumenta, especialmente para quem atinge as faixas intermediárias. Segundo dados do Sindifisco, trabalhadores com renda entre 5 e 7 salários mínimos pagaram, em média, 6,63% sobre tudo o que receberam. Parece razoável? Só até descobrir que a alíquota média dos milionários ficou em 5,28%.
Continua apos o anúncioEssa diferença se torna maior porque muitos benefícios e isenções não contemplam a classe média. O trabalhador tem seu salário, aposentadoria ou benefício já descontado na fonte. Já quem possui grandes rendimentos encontra meios legais para reduzir ou até escapar do imposto.
A explicação está na forma como as grandes fortunas são organizadas. A legislação permite que quem recebe lucros e dividendos pague bem menos ou até nada de imposto nessas rendas, essas regras valem desde a década de 1990. E os números não deixam dúvidas: dos mais de R$ 700 bilhões declarados como rendimentos não tributáveis em 2024, cerca de 35% vieram dos famosos lucros e dividendos.
Continua apos o anúncioOutro truque comum é a chamada “pejotização”. Profissionais abrem empresas para prestar serviços como pessoa jurídica e, com isso, conseguem pagar o mínimo possível ao Fisco. Isso porque alíquotas para empresas pequenas e médias tendem a ser mais vantajosas, principalmente quando se compara com as dos salários.
Com as leis permitindo essas estratégias, quem consegue organizar bem o próprio dinheiro acaba pagando menos imposto sobre grande parte dos rendimentos. Imagine só: enquanto uma parcela da população batalha para pagar tudo certinho, outros driblam as regras com facilidade.
Continua apos o anúncioPara os grandes patrimônios, não faltam opções de planejamento tributário. Com ajuda especializada, é possível transferir ganhos para categorias menos tributadas, aproveitando condições especiais e alíquotas reduzidas. No fim das contas, o sistema fica ainda mais desequilibrado e distante da ideia de justiça fiscal.
O levantamento, que analisou as declarações do ano anterior, mostra uma espécie de “escada” nas alíquotas. Para brasileiros com renda até R$ 26.400 por mês (o equivalente a 20 salários mínimos), a cobrança chega ao ápice: 11,40% de alíquota efetiva, atingindo principalmente aquelas pessoas que, em geral, fazem parte da classe média alta.
Entre os milionários, o cenário é diferente: a alíquota média cai para pouco mais de 5%. Ou seja, na prática, quem tem renda muito mais alta acaba pagando, proporcionalmente, menos impostos do que quem ganha menos.
Entre os mais ricos, cerca de 71% dos rendimentos não são tributados ou possuem alguma isenção, incluindo lucros, dividendos e certos benefícios. Já para os trabalhadores de renda menor, só 5% dos ganhos ficam isentos. O contraste salta aos olhos: o sistema favorece quem consegue receber grandes valores por vias livres de imposto, penalizando quem depende quase exclusivamente do salário tradicional.
Faixa de renda mensal | Alíquota efetiva média (%) |
---|---|
1 a 5 salários mínimos (R$ 1.320 a R$ 6.600) | 0,61% a 3,59% |
5 a 7 salários mínimos (R$ 6.600 a R$ 9.240) | 6,63% |
15 a 20 salários mínimos (R$ 19.800 a R$ 26.400) | 11,40% |
Milionários (acima de R$ 316.800) | 5,28% |
Quando a fatia maior da arrecadação se apoia nas costas dos trabalhadores e da classe média, falta investimento em serviços públicos e políticas sociais, enquanto a insatisfação só cresce.
A pejotização, ao lado das isenções gigantescas dos dividendos, acaba somando mais riquezas para quem já está no topo, ampliando aquela velha distância entre quem tira o sustento do trabalho e quem tem rendimentos de capital.
A desigualdade tributária, além de afetar quem mais precisa, dificulta a tarefa do Estado de investir em melhorias para todos. Dados do próprio Sindifisco mostram que, enquanto 94% dos contribuintes ganham até 20 salários mínimos, concentram pouco mais da metade da renda declarada. Por outro lado, poucos privilegiados ficam com quase o restante, pagando menos impostos proporcionalmente. Isso pode parecer um enigma, mas, no fundo, é só um retrato claro das escolhas políticas do sistema.
Pense em trabalhadores com cerca de R$ 8 mil mensais. Todo mês, notam uma diferença no imposto cobrado sobre seus salários quando comparado aos investidores que acumulam milhões. A sensação de desequilíbrio se faz presente em cada contracheque, incentivando discussões sobre possíveis ajustes nas regras. Será possível mudar?
Quer saber mais? O estudo do Sindifisco está disponível para quem deseja se aprofundar e acompanhar discussões sobre temas ligados à reforma fiscal.
Para mais informações sobre as análises e debates em torno do sistema tributário brasileiro e possíveis atualizações, vale a pena buscar por fontes atualizadas e confiáveis. Afinal, entender como as regras funcionam pode fazer toda a diferença, seja para planejar o orçamento, cobrar mudanças ou apenas acompanhar de perto o que acontece com o dinheiro do país.
Fonte: www.assistencialismo.com.br
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